E finalmente estou de volta a este lado do Atlântico...
Afazeres profissionais têm-me levado várias vezes aos Estados Unidos, o que, como sabem, é meio caminho andado para a perdição no mundo da cerveja
Aqui fica uma pequena resenha do que andei a beber pelos lados de Baltimore e Washington DC.
Max's Taphouse (Baltimore)
Fica na zona ribeirinha de Fell's Point onde existem dezenas de bares e restaurantes. É um daqueles bares em que não se pode deixar de ter um sorriso de orelha a orelha assim que se entra: 102 taps, 5 handpumps e cerca de 1000 garrafas. Empregados simpáticos e conhecedores. Comida razoável, mas não foi por isso que lá fui. Vende garrafas para fora a preços razoáveis. Destaques:
- Schmalz/Terrapin Reunion Ale '12 - Dark ale bastante complexa com cacau, baunilha e canela.
- Brewer's Art Resurrection - Um clássico de Baltimore. Dubbel muito bem feita. Passava bem por belga num teste cego.
Of Love & Regret (Baltimore)
Bar novo, muito clean, do Brian Stillwater, o cervejeiro nómada mais famoso da cidade. Ironicamente, fica em frente à antiga National Brewing Co., onde eram fabricadas beberagens parecidas com cerveja como, por exemplo, o famoso malt liquor Colt 45. Lá dentro não há nada disso. 20 taps e julgo que algumas garrafas para vender para fora. Comida de fusão com algumas excentricidades à mistura. Comi umas línguas de pato grelhadas bastante boas. Destaques:
- Stillwater Premium - Cerveja feita com, agarrem-se bem, milho e arroz. Não foram meigos no lúpulo, com o Saaz bem presente, e depois deram-lhe com um cocktail de levedura (brett incluída) que transformou-a numa das cervejas mais refrescantes que já bebi. Deliciosa.
- Uerige Sticke - Fui preciso atravessar o Atlântico para experimentar este clássico. Feita apenas duas vezes por ano, é um alt on steroids com o malte bastante pronunciado. Combinou muito bem com as línguas.
Alewife (Baltimore)
Regresso a esta casa de pecado, líquido e sólido. Está numa vizinhança onde a todo o momento parece que podemos vir a ser roubados, esfaqueados ou pior. Um amigo meu diz que é por causa dessa adrenalina que a cerveja e a comida sabem tão bem. Para mim não há dúvida: é aqui que se faz o melhor hamburguer do mundo. Um colosso feito com carne de vaca fumada e acompanhado com batatas fritas em gordura de pato. Sim, lá se vai o colesterol

Para acompanhar, basta escolher alguma coisa dos 40 taps ou 100 garrafas. Destaques:
- Boulevard Tank 7 Farmhouse Ale - Chamem-lhe farmhouse, saison ou outra coisa qualquer. Estas cervejas com alguma acidez, frutadas e ligeiramente apimentadas estão a tornar-se rapidamente as minhas preferidas.
- Evolution Lot No. 3 - Uma American IPA muitíssimo equilibrada. Tem uma combinação de pinho (provavelmente Simcoe) e de citrinos que eu adoro, mas não se deixa cair na armadilha, comum nos americanos, da falta de malte para equilibrar.
ChurchKey (Washington DC)
Bar muito simpático, numa vizinhança a condizer, longe das atrações turísticas da capital. Excelente decoração. Foi a primeira vez que me pediram identificação para ver se tinha idade para beber. Ah, as leis americanas... Tem como bónus estar perto de um Whole Foods Market que têm uma variedade bastante boa de garrafas. 50 taps, 5 handpumps e 500 garrafas. Destaques:
- Stone 16th Anniversary IPA - Mais outra Stone com quantidades de lúpulo inimagináveis. O centeio dá-lhe nuances de especiarias e uma frescura pouco habitual numa cerveja com 10º.
- Great Lakes Edmund Fitzgerald Porter - Talvez a melhor cerveja escura que bebi nesta incursão americana, a par da Southern Tier Crème Brûlée. Muito café no sabor e final achocolatado.
Jet Rock Bar & Grill (Philadelphia)
Lembro-me da primeira vez que fui aos Estados Unidos, há mais de 10 anos, e da emoção que foi ver uma Samuel Adams Brewhouse no aeroporto de Newark. No final de contas o bar só tinha 2 ou 3 cervejas diferentes e nenhuma delas era nada de extraordinário... Foi aí que perdi a esperança de beber boa cerveja nos aeroportos, até encontrar este bar. 48 taps num aeroporto? Sim, é caro como tudo, mas sempre ajuda-nos a passar o tempo enquanto se espera. Destaques:
- Long Trail Brewmaster Series Imperial Pumpkin - Está na época delas (e das Märzen). Talvez tenha sido a melhor Pumpkin que já bebi até hoje. Tem tudo no lugar: abóbora, canela, cravinho e sabe Deus o que mais...
- Sierra Nevada Northern Hemisphere Harvest Wet - É também época da colheita do lúpulo e esta IPA faz jus ao nome. Muiiiittoo aromática e, surpreendentemente, com um malte bastante presente.
Abraço
Fernando