Sobre a chamada Lei da Pureza
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Sobre a chamada Lei da Pureza
Eis a transcrição de um texto que editei no meu blog, sobre o assunto:
Para os menos familiarizados com estas coisas da cerveja, Reinheitsgebot é, quando muito, um palavrão alemão. Mas não, trata-se da designação original da chamada lei da pureza da cerveja, imposta em 1516 pelo Duque Guilherme IV da Baviera, que ilegalizava outros produtos para além da água, cevada e lúpulo (o fermento ainda não era conhecido).
Ora esta lei, principalmente nas últimas décadas, tem sido bastante contestada e atirada ao lixo por inúmeros cervejeiros de todo o mundo. E embora alguns ainda a considerem como a regra sagrada na feitura da cerveja, quase excomungando os “infiéis” que ousem transgredi-la, a verdade é que a lei já não vincula ninguém.
Na minha opinião, trata-se de um fundamentalismo ultrapassado, e, como todos os fundamentalismos, nefasto. Nefasto principalmente, se fosse seguido por todos, no que concerne à evolução do panorama cervejeiro mundial, uma industria que todos os que elegem a cerveja como a “sua bebida”, querem dinâmica, nunca estática e sujeita a confinamentos de qualquer espécie.
Numa entrevista que Marcelo Carneiro, da Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto, dá ao Paulo Feijão em seu excelente blog, à pergunta do Feijão:
“Na Pilsen mandioca, na Weiss Mel e na India Pale Ale rapadura, é regionalização, produtos exclusivos ou redução de custos, qual é a grande sacada destas inovações?"
o Marcelo responde exemplarmente:
“Boa pergunta, na verdade nos ultimos tempos eu vinha me questionando sobre a lei de Pureza que por mais de 10 anos segui. Não seria ela um limitante, um traquejo cultural germânico. Os belgas e americanos fazem tantas cervejas boas usando açucar, ninguém diz que é economia ou jogada de marketing.
Pois eu acho que podemos fazer uma boa cerveja com a nossa cara usando os nossos produtos e ainda por cima gente do mundo todo gostar, é possível e eu estou tentando fazer.
É claro que, à conta destas “liberdades” se têm feito muitos atentados ao paladar, mas a verdade é que, aparentemente cumprindo rigorosamente os preceitos da velha regra, aparecem produto sem quaisquer virtudes que os recomendem.
Não será verdade, que na qualidade dos ingredientes, no cuidado da produção, e principalmente no “amor à arte" que estará o verdadeiro segredo
Para os menos familiarizados com estas coisas da cerveja, Reinheitsgebot é, quando muito, um palavrão alemão. Mas não, trata-se da designação original da chamada lei da pureza da cerveja, imposta em 1516 pelo Duque Guilherme IV da Baviera, que ilegalizava outros produtos para além da água, cevada e lúpulo (o fermento ainda não era conhecido).
Ora esta lei, principalmente nas últimas décadas, tem sido bastante contestada e atirada ao lixo por inúmeros cervejeiros de todo o mundo. E embora alguns ainda a considerem como a regra sagrada na feitura da cerveja, quase excomungando os “infiéis” que ousem transgredi-la, a verdade é que a lei já não vincula ninguém.
Na minha opinião, trata-se de um fundamentalismo ultrapassado, e, como todos os fundamentalismos, nefasto. Nefasto principalmente, se fosse seguido por todos, no que concerne à evolução do panorama cervejeiro mundial, uma industria que todos os que elegem a cerveja como a “sua bebida”, querem dinâmica, nunca estática e sujeita a confinamentos de qualquer espécie.
Numa entrevista que Marcelo Carneiro, da Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto, dá ao Paulo Feijão em seu excelente blog, à pergunta do Feijão:
“Na Pilsen mandioca, na Weiss Mel e na India Pale Ale rapadura, é regionalização, produtos exclusivos ou redução de custos, qual é a grande sacada destas inovações?"
o Marcelo responde exemplarmente:
“Boa pergunta, na verdade nos ultimos tempos eu vinha me questionando sobre a lei de Pureza que por mais de 10 anos segui. Não seria ela um limitante, um traquejo cultural germânico. Os belgas e americanos fazem tantas cervejas boas usando açucar, ninguém diz que é economia ou jogada de marketing.
Pois eu acho que podemos fazer uma boa cerveja com a nossa cara usando os nossos produtos e ainda por cima gente do mundo todo gostar, é possível e eu estou tentando fazer.
É claro que, à conta destas “liberdades” se têm feito muitos atentados ao paladar, mas a verdade é que, aparentemente cumprindo rigorosamente os preceitos da velha regra, aparecem produto sem quaisquer virtudes que os recomendem.
Não será verdade, que na qualidade dos ingredientes, no cuidado da produção, e principalmente no “amor à arte" que estará o verdadeiro segredo
- Cerevisiae
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a ressurreição do demónio
Caro VicMaP este tópico já foi apaixonadamente discutido aqui no fórum. Creio que este velho do restelo (a reinheitsgebot) irá aparecer sempre!
Estou em linhas gerais de acordo contigo. O Thomas irá intervir (com todo o vigor) a defender a filosofia da Reinheitsgebot (força tom_po). A minha opinião mais recente (sim, eu mudo de opinião) é que depende do estilo: se eu quiser fazer uma Pilsen realmente o melhor é usar água, malte e lúpulo e deixar de fora outros ingredientes que só servem para diluir o sabor e corpo da cerveja, como p. ex. açúcar, milho, arroz, etc.
Mas pensemos que quero fazer uma cerveja forte tipo densidade = 1,080 vou usar apenas malte ? ficará muito encorpada difícil de digerir ! Aqui faz sentido usar açúcar para dar alcool e manter o teor de hidratos de carbono na cerveja final dentro da digestibilidade. Outro pensamento: porque não inventar e baralhar os ingredientes: usar p. ex. batata doce ou ameixas ou qq outra fonte de amido e / ou açúcar ? ter uma lei que limita a criatividade de um cervejeiro continua a parecer-me absurdo.
Reinheintsgebot ou não, para mim o importante é ser uma boa cerveja feita a partir de ingredientes naturais. Devemos também respeitar a tradição cervejeira, que sempre consistiu em inovar e melhorar a qualidade da oferta ao consumidor (OK reconheço que no último século assistimos a retrocessos, principalmente nos EUA).
Saudações cervejeiras,
Fernando

Caro VicMaP este tópico já foi apaixonadamente discutido aqui no fórum. Creio que este velho do restelo (a reinheitsgebot) irá aparecer sempre!
Estou em linhas gerais de acordo contigo. O Thomas irá intervir (com todo o vigor) a defender a filosofia da Reinheitsgebot (força tom_po). A minha opinião mais recente (sim, eu mudo de opinião) é que depende do estilo: se eu quiser fazer uma Pilsen realmente o melhor é usar água, malte e lúpulo e deixar de fora outros ingredientes que só servem para diluir o sabor e corpo da cerveja, como p. ex. açúcar, milho, arroz, etc.
Mas pensemos que quero fazer uma cerveja forte tipo densidade = 1,080 vou usar apenas malte ? ficará muito encorpada difícil de digerir ! Aqui faz sentido usar açúcar para dar alcool e manter o teor de hidratos de carbono na cerveja final dentro da digestibilidade. Outro pensamento: porque não inventar e baralhar os ingredientes: usar p. ex. batata doce ou ameixas ou qq outra fonte de amido e / ou açúcar ? ter uma lei que limita a criatividade de um cervejeiro continua a parecer-me absurdo.
Reinheintsgebot ou não, para mim o importante é ser uma boa cerveja feita a partir de ingredientes naturais. Devemos também respeitar a tradição cervejeira, que sempre consistiu em inovar e melhorar a qualidade da oferta ao consumidor (OK reconheço que no último século assistimos a retrocessos, principalmente nos EUA).
Saudações cervejeiras,
Fernando
Boas,
Eu não concordo com esta visão pessimista....
"Lei da Pureza" é apenas o nome de uma directriz que hoje pode, ou não, ser seguida. Por ter "Lei" nesse nome não significa que quem não a respeitar sofra alguma consequência!
Eu vejo isto apenas como uma designação e não como uma lei, ou seja, só beneficio com ela e não me limita a acção.
É preciso compreender que quando a Lei da Pureza foi estabelecida, tinha em vista proteger o consumidor e um produto. Reparem que séculos depois, os nossos políticos não conseguiram fazer semelhante com o Vinho do Porto (só para dar um exemplo).
Eu não concordo com esta visão pessimista....
"Lei da Pureza" é apenas o nome de uma directriz que hoje pode, ou não, ser seguida. Por ter "Lei" nesse nome não significa que quem não a respeitar sofra alguma consequência!
Eu vejo isto apenas como uma designação e não como uma lei, ou seja, só beneficio com ela e não me limita a acção.
É preciso compreender que quando a Lei da Pureza foi estabelecida, tinha em vista proteger o consumidor e um produto. Reparem que séculos depois, os nossos políticos não conseguiram fazer semelhante com o Vinho do Porto (só para dar um exemplo).
Abraço,
P. Sousa
P. Sousa
Chuck Reid Escreveu:Na teoria, não existe diferença entre Teoria e Prática.
Na prática, existe!
- VicMaP
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ptlsousa Escreveu:Boas,
Eu não concordo com esta visão pessimista....
"Lei da Pureza" é apenas o nome de uma directriz que hoje pode, ou não, ser seguida. Por ter "Lei" nesse nome não significa que quem não a respeitar sofra alguma consequência!
Eu vejo isto apenas como uma designação e não como uma lei, ou seja, só beneficio com ela e não me limita a acção.
É preciso compreender que quando a Lei da Pureza foi estabelecida, tinha em vista proteger o consumidor e um produto. Reparem que séculos depois, os nossos políticos não conseguiram fazer semelhante com o Vinho do Porto (só para dar um exemplo).
Caro ptlsousa
A minha visão sobre o assunto não é pessimista. Se o texto o faz transparecer, é porque não estará bem explícito.
Limito-me a fazer uma apologia da liberdade - embora preservando o espírito da sagrada bebida - e criatividade dos cervejeiros.
Claro que não se trata de uma lei e sim de uma directriz (e concordo que na altura da legislação terá sido muito positiva, mas também penso que se terá esgotado)- Aliás, se o fosse, e com a aberturas de mercados, aposto que há que tempos que teria sido revogada.
Agora quanto ao vinho do Porto é que me parece que já se estará a falar de outra coisa. Penso que quererás dizer que se fazem muitos produtos noutras partes do mundo baptizado com o nome de vinho do Porto, e que nada tem que ver com ele. Mas isso, meu caro, são falsificações e falsificações sempre haverá. Mesmo que houvesse alguma lei proteccionista (e também aposto que se houvesse, os americanos já se teriam encarregado de a contornar), nunca vi os falsificadores a respeitarem as leis.
Abraço
Vic
Última edição por VicMaP em segunda set 17, 2007 17:08, editado 1 vez no total.
- Cerevisiae
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ptlsousa Escreveu:Boas,
Eu não concordo com esta visão pessimista....
"Lei da Pureza" é apenas o nome de uma directriz que hoje pode, ou não, ser seguida. Por ter "Lei" nesse nome não significa que quem não a respeitar sofra alguma consequência!
Eu vejo isto apenas como uma designação e não como uma lei, ou seja, só beneficio com ela e não me limita a acção.
É preciso compreender que quando a Lei da Pureza foi estabelecida, tinha em vista proteger o consumidor e um produto. Reparem que séculos depois, os nossos políticos não conseguiram fazer semelhante com o Vinho do Porto (só para dar um exemplo).
O quÊ ? O vinho do Porto é um produto muito legislado e o consumidor está perfeitamente protegido!
Creio que o ptlsousa refere-se ao uso da denominação de protegida "Porto", que é abusivamente usada na Austrália e Africa do sul. De facto é pena estando o nosso país na UE e com todo o peso diplomático que daí advém não conseguir fazer valer os nossos direitos sobre a "marca" Porto. Mas também podemos ver isto de outra forma: Os australiandos e sul-africanos ao venderem uma imitação de Vinho do Porto estão a divulgar o produto. Eu sei que pareçe um contra-senso,mmas pensem um pouco. Um consumidor ouve falar em Porto e compra um Australiano, se gostar irá interessar-se por este vinho. acabará por descubrir que afinal comprou uma cópia e isso normalmente aguça o apetite / curiosidade pelo original. Eis aqui a oportunidade temos o Original tratemos de manter a respectiva qualidade em 11 numa escala de 10, vende-lo a bom preço, ou seja com uma boa margem, e deixemos ser os outros a fazer e vender zurrapa.
este meu post é completamente

- Ega
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E caros amigos, se soubessem os rios de tinta que esta "Lei da Pureza" fez correr no meio jurídico europeu há uns anos...
É que, de facto, e do pouco que ainda me lembro das aulas de Direito Comunitário, essa tal Reinheitsgebot de 1516 foi mesmo adoptada pelo legislador alemão. Ficou consagrado na Biersteuergesetz (regulamentação alemã sobre a comercialização da cerveja) que não podiam ser comercializadas na então RFA cervejas com a denominação "Bier" que não fossem fabricadas segundo o método tradicional alemão da Reinheitsgebot. Por outro lado, nessa mesma regulamentação legal, era igualmente proibida a comercialização de cervejas com aditivos.
Ora, algumas cervejeiras francesas (v.g. Brasserie du Pêcheur) não gostaram nada desta limitação à liberdade de concorrência e toca a recorrer para as mais altas instâncias europeias. E, com tudo isto, que se passou nos anos 80-90, e ainda com a Comissão à mistura, foi a Alemanha condenada pelo incumprimento do Tratado CE, por aprovar disposições contrárias ao Direito originário Europeu...Enfim, depois foi todo um rol de jurisprudência e doutrina que veio por arrasto...
Mas se quiserem saber mais e tiverem paciência, leiam os dois acordãos do TJ em causa:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 046:PT:NOT
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 78:PT:HTML
O certo é que hoje em dia a dita Lei da Pureza de 1516 passa por ser apenas uma denominação. E o mais das vezes, acaba por ser usada como um produto ao serviço do marketing...
Mas enfim, nesta questão da pureza, e como em tudo, há os mais e os menos conservadores...
Cumprimentos

É que, de facto, e do pouco que ainda me lembro das aulas de Direito Comunitário, essa tal Reinheitsgebot de 1516 foi mesmo adoptada pelo legislador alemão. Ficou consagrado na Biersteuergesetz (regulamentação alemã sobre a comercialização da cerveja) que não podiam ser comercializadas na então RFA cervejas com a denominação "Bier" que não fossem fabricadas segundo o método tradicional alemão da Reinheitsgebot. Por outro lado, nessa mesma regulamentação legal, era igualmente proibida a comercialização de cervejas com aditivos.
Ora, algumas cervejeiras francesas (v.g. Brasserie du Pêcheur) não gostaram nada desta limitação à liberdade de concorrência e toca a recorrer para as mais altas instâncias europeias. E, com tudo isto, que se passou nos anos 80-90, e ainda com a Comissão à mistura, foi a Alemanha condenada pelo incumprimento do Tratado CE, por aprovar disposições contrárias ao Direito originário Europeu...Enfim, depois foi todo um rol de jurisprudência e doutrina que veio por arrasto...
Mas se quiserem saber mais e tiverem paciência, leiam os dois acordãos do TJ em causa:
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 046:PT:NOT
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 78:PT:HTML
O certo é que hoje em dia a dita Lei da Pureza de 1516 passa por ser apenas uma denominação. E o mais das vezes, acaba por ser usada como um produto ao serviço do marketing...
Mas enfim, nesta questão da pureza, e como em tudo, há os mais e os menos conservadores...
Cumprimentos

Sinceramente, acho que a existência de uma grande variedade de estilos de cerveja é o que interessa. Os gostos são muito distintos e, da mesma forma, diferentes cervejas adequam-se a diferentes momentos...
Se não existissem marcas de cerveja a designar os seus produtos como sendo elaborados de acordo com este ou aquele princípio, quem perderia era o consumidor.
Eu não sou fanático pela Lei da Pureza!
Adoro cerveja de trigo e tento fazê-la de acordo com este princípio porque acho que tem mais piada... Mas qualquer dia atiro umas cerejas para o fermentador...
Além disso, sou grande apreciador das cervejas belgas (e também tento imitá-las).
Esta Lei já não faz mal a ninguém....
Se não existissem marcas de cerveja a designar os seus produtos como sendo elaborados de acordo com este ou aquele princípio, quem perderia era o consumidor.
Eu não sou fanático pela Lei da Pureza!
Adoro cerveja de trigo e tento fazê-la de acordo com este princípio porque acho que tem mais piada... Mas qualquer dia atiro umas cerejas para o fermentador...

Além disso, sou grande apreciador das cervejas belgas (e também tento imitá-las).
Esta Lei já não faz mal a ninguém....
Abraço,
P. Sousa
P. Sousa
Chuck Reid Escreveu:Na teoria, não existe diferença entre Teoria e Prática.
Na prática, existe!
Ega Escreveu:E a propósito, só por uma questão de curiosidade, sabem quais as cervejas portugueses que seguem escrupulosamente a Lei da Pureza alemã?
Sei que a Tagus cumpre. E a Cintra Preta também (que é a talvez a melhor cerveja portuguesa). Mas e o resto?
Cumps.
Nenhuma cerveja "industrial" portuguesa segue a lei da pureza.
Brewmaster
Rasec Escreveu:Ega Escreveu:E a propósito, só por uma questão de curiosidade, sabem quais as cervejas portugueses que seguem escrupulosamente a Lei da Pureza alemã?
Sei que a Tagus cumpre. E a Cintra Preta também (que é a talvez a melhor cerveja portuguesa). Mas e o resto?
Cumps.
Nenhuma cerveja "industrial" portuguesa segue a lei da pureza.
Nem a Tagus?! Então aquilo não é de puro malte?!!!

- emsfc
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canecao Escreveu:Rasec Escreveu:Ega Escreveu:E a propósito, só por uma questão de curiosidade, sabem quais as cervejas portugueses que seguem escrupulosamente a Lei da Pureza alemã?
Sei que a Tagus cumpre. E a Cintra Preta também (que é a talvez a melhor cerveja portuguesa). Mas e o resto?
Cumps.
Nenhuma cerveja "industrial" portuguesa segue a lei da pureza.
Nem a Tagus?! Então aquilo não é de puro malte?!!!
O facto de ser de puro malte não implica que siga a Lei da Pureza alemã. No processo de produção da cerveja são utilizados numerosos produtos para melhorar a "qualidade" do produto final e aumentar o seu tempo de conservação, de entre os quais o caramelo (tem a ver com a côr), substâncias derivadas do alginato (para a estabilidade da espuma), compostos (ácido fosfórico por exemplo) para regular o pH do mosto, entre muitas outras coisas. Não me parece que a Tagus não recorra a estes produtos e que produza uma cerveja que respeita essa tão falada lei.
Em relação à dita lei, eu sou sempre a favor da mudança e da inovação, desde que seja para melhorar alguma coisa. Por isso não tenho nada contra, mas também não sou a favor dela. Quem quiser segue, e quem não quiser não segue. Para mim, desde que se produzam cervejas de qualidade, não me interessa o processo nem os ingredientes que utilizam.
Para mim, desde que se produzam cervejas de qualidade, não me interessa o processo nem os ingredientes que utilizam.
Pessoalmente, prefiro uma cerveja que pode não seja tão atraente à vista e até ao paladar, mas que saiba qual é a sua verdadeira composição.
Não quer dizer que exclua uma cerveja industrial da minha mesa.
Reconheço as dificuldades de se fazer 100 000 hl de cerveja de uma forma consistente e respeito muito isso.
Por causa disto, acho que a cerveja artesanal e a industrial existem em/para "mundos" muito diferentes e não se podem comparar.
- VicMaP
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[quote="ptlsousa
Por causa disto, acho que a cerveja artesanal e a industrial existem em/para "mundos" muito diferentes e não se podem comparar.[/quote]
E a propósito desta frase, gostaria de fazer uma pergunta:
- Em qual das categorias se poderiam enquadrar cervejas principalmente belgas, como as Rochefort, Duvel, Chimay, Orval, Kwak ou La Trappe?
Vic
Por causa disto, acho que a cerveja artesanal e a industrial existem em/para "mundos" muito diferentes e não se podem comparar.[/quote]
E a propósito desta frase, gostaria de fazer uma pergunta:
- Em qual das categorias se poderiam enquadrar cervejas principalmente belgas, como as Rochefort, Duvel, Chimay, Orval, Kwak ou La Trappe?
Vic
- Em qual das categorias se poderiam enquadrar cervejas principalmente belgas, como as Rochefort, Duvel, Chimay, Orval, Kwak ou La Trappe?
VicMaP, eu não categorizo classes ou categorias de cervejas, eu possuo a minha visão (que pode ser errada) deste mundo líquido.
Por exemplo, um cask-ale fermentado em pequenos fermentadores quadrados entraria em que categoria?
Acho que o importante não é a quantidade mas sim a filosofia com que se produz a cerveja.
Neste aspecto, posso facilmente distinguir as Rochefort das Duvel e por aí adiante...
...mas continua a ser uma opinião pessoal.
Agora, gostava de saber a tua opinião...

- VicMaP
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O que eu queria saber era se as cervejas que mencionei serão artesanais ou industriais (normalmente, a distinção faz-se segundo a massificação da distribuição, penso eu)
A verdade é que qualquer delas (a Rochefort menos, claro), tem uma distribuição quase universal (coisa que as nossas não têm), mas apesar disso, penso que todas terão subjacente uma filosofia artesanal.
Dito isto, o que penso é também que a filosofia com que são confeccionadas é o mais importante, resguardando sempre a qualidade. É o que as torna conhecidas e queridas em todo o mundo. Que é como quem diz "a seriedade compensa"!
Penso que a pergunta está respondida

Abraço
Vic
- Cerevisiae
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Isto está animado!!
Actualmeten a lei da pureza ou Reinheitsgebot é uma espécie de selo que na maior parte dos casos significa: feito na Alemanha ou segundo a maneria Alemã.
Isto parece um bocadinho chauvinista ! Ou pegando no meu post anterior estamos a falar de uma espécie de região demarcada e em medidas proteccionistas. Claro que meter no rótulo "lei da pureza" parece melhor que "made in Germany", mas vai dar ao mesmo. Não garante nada ao consumidor!
E mesmo sobre as cervejas "puras" será que não usam mesmo mais nada para além de água, malte e lúpulo (e levedura) ? Como é que corrigem o pH da água ? USando sais ou ácido provavelmente. Ou então com um truque estranho usando malte ácido, que é um malte que foi inoculado com bactérias lacticas promovendo a produção de ácido láctico. Esperem bactérias lácticas acho que não fazem parte da lei da pureza de 1516! Alias nesta data nem se sabia o que eram ....
Creio que a "lei da pureza" se resume a marketing e denominação de origem encapotada. É para alemão ver .. e beber.
Prosit !
Actualmeten a lei da pureza ou Reinheitsgebot é uma espécie de selo que na maior parte dos casos significa: feito na Alemanha ou segundo a maneria Alemã.
Isto parece um bocadinho chauvinista ! Ou pegando no meu post anterior estamos a falar de uma espécie de região demarcada e em medidas proteccionistas. Claro que meter no rótulo "lei da pureza" parece melhor que "made in Germany", mas vai dar ao mesmo. Não garante nada ao consumidor!
E mesmo sobre as cervejas "puras" será que não usam mesmo mais nada para além de água, malte e lúpulo (e levedura) ? Como é que corrigem o pH da água ? USando sais ou ácido provavelmente. Ou então com um truque estranho usando malte ácido, que é um malte que foi inoculado com bactérias lacticas promovendo a produção de ácido láctico. Esperem bactérias lácticas acho que não fazem parte da lei da pureza de 1516! Alias nesta data nem se sabia o que eram ....
Creio que a "lei da pureza" se resume a marketing e denominação de origem encapotada. É para alemão ver .. e beber.
Prosit !
Engraçado de ver (chamo a atenção para o que se diz por volta do segundo 47
)
http://www.youtube.com/watch?v=QSXpLjewfMo
Abraço,

http://www.youtube.com/watch?v=QSXpLjewfMo
Abraço,
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