E eis que um tema que parecia à primeira vista inócuo, dá tanto pano para mangas
Tendo a vantagem de já ter lido as respostas dos outros membros, a minha opinião vai de encontro àquilo que o bmxutos, canecao e ptlsousa defendem, ou seja, arrisco algumas vezes em produtos caseiros que, naturalmente, não terão a garantia de qualidade de um produto certificado por uma entidade independente ou por um grande player comercial, mas que, na grande parte das vezes, dado o carácter artesanal da sua fabricação, me trazem grandes alegrias às papilas gustativas

A minha avaliação quanto à higiene, nesses casos, é, naturalmente, meramente subjectiva, e é isso que me leva a votar no "Só compraria se soubesse a origem, receita, etc.".
Quanto ao temas que pelo meio se introduziram neste post, acho que no nosso país quase tudo falta para termos cervejas de qualidade à disposição do consumidor final: fabricação, distribuição e retalho.
Na fabricação, existem alguns (poucos) brewpubs que fabricam apenas para consumo próprio nos estabelecimentos. O caso do BeerHouse na Madeira, a Fábrica do Day em Viseu (ainda funciona?) e o Ministério da Cerveja em Faro (não conhecia, mas li aqui no fórum). Ainda temos a República da Cerveja cujas cervejas são fabricadas pela Unicer e a Lusitana (ainda fabricam em Carnaxide?). Ou seja, não há alternativa, nas prateleiras dos supermercados. Talvez com a Pedras
Na distribuição, face ao exposto, claro que não há cerveja artesanal portuguesa disponível para vender. Resta, nas majors, importar algumas marcas que fazem parte do portefólio da empresa mãe ou, no caso dos distribuidores mais pequenos, ir buscar algumas cervejas reconhecidas pelo seu valor (o caso das disponíveis no British Bar) ou com origens geográficas exóticas (Cuba, China, Marrocos, etc.) mas qualidade sofrível.
Quanto ao retalho, o problema tem ainda outra vertente. Primeiro, tem de jogar com a que a distribuição dispõe para oferecer, por outro tem de ter uma oferta consistente com aquilo que é a procura do consumidor final. Parece-me que aqui reside o busílis da questão. O consumidor final está interessado em novas cervejas? Se sim, estará preparado para pagar mais por uma cerveja de qualidade? Toda a gente aqui no fórum responderia que sim, mas quem somos nós? Representamos 1%, 5% da população do país?
Não faço ideia do que o Bruno tem em mente (mas estou curioso

). Tendo em conta o exemplo da Dinamarca ou da Itália, onde as micros são hoje uma realidade incontornável, poderá ser esse o caminho a seguir cá em Portugal. Temos resolvido o problema da produção!
A distribuição poderá passar pelos distribuidores independentes ou por um sistema próprio que, no entanto, acarretará mais custos.
A tarefa final será, eventualmente, a mais difícil: criar hábitos de consumo de cervejas de qualidade. Haverá certamente um nicho de mercado a explorar (veja-se o preço que se pagam por alguns vinhos), mas será esse o maior desafio num país habituado a pedir "uma cerveja" em vez de chamá-la pelo nome.
Fernando